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domingo, agosto 31, 2003

SAIR DE CENA. Não, não é o texto da minha despedida da blogosfera. Ainda não. É que tenho de sair agora. Estou de volta mais logo. Isto, claro, pouco interessa para quem passa por aqui. No entanto, o motivo da minha ausência momentânea à frente do computador, nesta noite de domingo, deve-se a um jogo de andebol. Sim, desporto na madrugada. O convite que recebi, há poucos dias, bem avisava: são 24 horas de andebol. Deixei-me rir. Agora, nada posso fazer.
FRENCH FRIES. Afinal, George W. Bush continua a comer french fries. Quem o assegurou foi Walter Scheib, o chef da Casa Branca, num encontro que decorreu em Paris. Desde 1977 que o Club des Chefs des Chefs ali se reúne todos os anos. Sabe-se também – através do El País – que Walter Scheib conversou durante muito tempo com Joël Normand, que dirige as cozinhas do Palácio do Eliseu desde 1984. Definitivamente, há aqui matéria para preocupação.
QUASE PERFEITO. Primeiro que tudo, concordo com o Joel sobre a prestação de Alberto Chaíça nos Mundiais de Atletismo. Um atleta que nunca correra uma maratona e que, aos 29 anos, conquista um quarto lugar é merecedor do nosso regozijo. Quanto ao desafio que o Joel me coloca, há ali um problema. «Se o João aceitasse fazer todos os dias uma revista de imprensa, a blogosfera ficava perfeita.» É que para além de ser preguiçoso, nunca gostaria de contribuir para que algo ficasse perfeito, muito menos a blogosfera. Era uma tarefa monumental. Por isso, só prometo estar atento à imprensa. Como sempre. Por exemplo, Joel, se eu fizesse uma revista de imprensa da semana que agora finda, o que destacaria, sem dúvida, era a entrevista de Alexandra Lencastre ao 24 Horas. «Que fantasia lhe falta realizar? Enquanto me podia permitir ter fantasias confesso que era mesmo a equipa de râguebi do Belenenses.» Como vês, desiludia logo meio mundo. Por isso, deixemo-la ficar – a blogosfera, claro – tal como está: com todas as suas imperfeições. Mas muito obrigado pelo desafio, Joel.
UNILATERALISMO. Já o escrevi. Glenn Reynolds é uma das minhas visitas obrigatórias. O seu post, de 30 de Agosto, com o título More Unilateralism, por exemplo, é muito bom.

sábado, agosto 30, 2003

HÁBITO. Hoje, antes das oito, já estou com os meus jornais. Depois, pequeno-almoço prolongado na pastelaria do costume. É um hábito quase ancestral. Contudo, antes de tomar o gosto à primeira torrada ou cheirar o primeiro aroma do café, tenho de fazer serviço público. Verdadeiro serviço público. Então, abro o dito diário e atiro aquela revista para o lixo mais próximo. Para além do bem comum, é higiénico, fico com o saco mais leve para o resto do percurso até casa e passa-me logo aquela irritação miudinha. Xissa.
MAIS UMA RECORDAÇÃO. «Cervantes, criador de D.Quixote, em Lisboa, no V Congresso Internacional da Associação de Cervantistas. Investigadores de 20 países debatem a obra de Miguel de Cervantes na Fundação Gulbenkian.» Encontro esta breve no Expresso-online. O texto seco não me deixa indiferente. Há ali qualquer coisa de policial. E lembro-me, pouco tempo depois, do livro de Luis Fernando Verissimo – sim, esse, Borges e os Orangotantos Eternos (Edições ASA) -, de contornos também policiais, que tem como pano de fundo um congresso de especialistas mundiais de Edgar Allan Poe, em Buenos Aires. É apenas uma recordação.
TERCEIRA. O quê? Não seguem a rubrica «expressões endémicas da ilha Terceira»? Que desarrematados! Tomem tino, ganhem tarelo e visitem o Joel. Obrigatório.
LEMBRAR AQUELA TARDE. O Aviz escreve pequenos textos sobre a noite. O que é? Ao lê-los novamente, ganho coragem e partilho a minha tarde, aquela tarde que ainda hoje recordo. Não sei se foi a luz, ou o silêncio, ou os poemas de Patrick Kavanagh, ou as cervejas irlandesas. Ainda hoje não sei. Os três amigos deixam o tempo passar. À sua maneira. Sem concessões. Sem agenda. Também não sei se foi a música. Ou a melancolia que atravessava aquele lugar. O sono lento. O fumo do charuto. A sede que sempre procurava mais uma cerveja. A leitura vaga. As conversas curtas. Não sei. A minha única certeza é que não a esqueço. Aquela tarde.

sexta-feira, agosto 29, 2003

VERTICAL. «Como também ‘sempre quis saber tudo sobre sexo, mas tenho vergonha de perguntar’, importava-se, Eduardo Prado Coelho, mesmo em carta particular, de me explicar o que é ‘o orgasmo vertical’?» A pergunta é de João Bénard da Costa. O Público tem dias assim.
YELLOW DOG. É um dos romances mais esperados do ano. Nomeado para o Booker 2003, o livro de Martin Amis já conseguiu o feito de não deixar ninguém indiferente. E ainda nem foi publicado. Em entrevista ao The Guardian, o escritor fala sobre o seu estilo, a crítica, a vida familiar, por exemplo. A ler.

quinta-feira, agosto 28, 2003

LIVROS. Claro que não é em todas. E muito menos sempre. Mas, por vezes, invade-me aquela vontade - muito semelhante à de Pepe Carvalho - quando entro em algumas livrarias. Queimar livros. Aqueles livros. Um por dia. Um blog também foi feito para isto.
AGRADECIMENTO III. Fico mesmo sem caracteres perante os elogios do Aviz.

quarta-feira, agosto 27, 2003

HERÓIS. Numa conversa de amigos falamos sobre a diferença que existe entre heróis e celebridades. À noite, procuro Os Dias de Amanhã (edição Círculo de Leitores), de Victor Cunha Rego, e lá está: «Cultura que precisa de heroísmo porque não é possível viver e resistir sem a dimensão dos ideais, da coragem e da sabedoria. Vivemos num momento de circuitos culturais. Dele podem sair celebridades. Não saem heróis.» Sempre durmo um pouco melhor.
CEM. Este é o único post que terá exactamente cem caracteres (sim, com espaços incluídos). Cem.
AINDA A FLORESTA. Gerrit Komrij é um escritor holandês que vive há muitos anos em Portugal. É escritor, poeta, ensaísta, tradutor e organizador de antologias (por exemplo, a Antologia da Poesia Neerlandesa do Século XX, editada pela Assírio e Alvim). Depois de ter publicado, em 1990, o romance Atrás dos Montes (edições ASA), Gerrit Komrij edita em 1996, na Holanda, Een Zakenlunch in Sintra (Um Almoço de Negócios em Sintra, 1999, ASA). Um retrato acutilante, lúcido e irónico sobre Portugal e os portugueses - é obrigatório, por isso, voltar a estas páginas. Enquanto a nossa floresta ardia, ardia, ardia, era de Komrij que eu me lembrava. De como ele, em 1996, tinha escrito:
«A relação dos portugueses com a natureza deve estar profundamente marcada pelo facto de tê-la a arder.
É que nunca a queima pára. Por toda a parte há qualquer coisa que arde. O país inteiro é fogo de artifício e fogaréus de arraial. Fogueiras em plena rua e intermináveis incêndios de floresta.(...)
A cada Verão que passa, os políticos prometem fazer finalmente alguma coisa e, cada Verão, a coisa arde com violência acrescida. Anos atrás, era vê-los bradando que, graças às medidas tomadas, as estatísticas indicavam que, até Junho inclusive, e comparado com os mesmos meses do ano anterior, o número de incêndios tinha diminuído drasticamente. Ora, obrigado. Durante o mês de Junho tinha chovido a potes.
Não obstante a existência de uma entidade para a política florestal, jamais pude descortinar, nas matas em meu redor, sombra de tal política.(...)
Um povo que olha para trás apenas sabe que um carapauzito na mão tem mais substância do que um bacalhau ainda feito de sonhos que com ele poderia apanhar. Daí a plantação de árvores que crescem rapidamente. As fábricas de celulose são poderosas e esfaimadas. Madeira rápida significa lucro rápido. Diante dessa madeira nova – uma raça de eucalipto especialmente acirrada –, toda a madeira lenta e velha deve abdicar.
Fogo nela.
Se alguém me informasse que a entidade de política florestal é uma subsecção secreta da indústria de celulose, garanto que não me admirava. É mais que certo que um dos directores da política florestal – ou o ministro do Ambiente, sei eu lá – é primo da prima do tio que é por sua vez irmão do cunhado da irmã do patrão da celulose.(...)
O entorpecimento parece-me um resultado mais provável. Uma rigidez de morte, que encetará quando, num país ardendo a ritmo acelerado, os incêndios um dia acabarem. Então, já nada haverá para arder, mesmo que com fósforos de importação, nesse deserto que um dia se chamou a si mesmo o jardim da Europa.»
TENHO PENA. Subo, de carro, a Morais Soares. São 23 horas. Muito pouco trânsito, como é normal. Quase a chegar ao fim da rua, tenho de parar. Não que algum semáforo assim me obrigue, mas porque um homem pára o carro na via da direita – mesmo no centro da via –, liga os quatro piscas, e lá vai levantar dinheiro à caixa multibanco mais próxima. Devia protestar, bem sei. Mas não, não neste dia. Invade-me, nessa altura, um sentimento de pena. E imagino este homem, depois deste comportamento boçal, a vangloriar-se junto dos amigos pelo seu feito. E ainda tenho mais pena.

terça-feira, agosto 26, 2003

AGRADECIMENTO II. Em mais de cem caracteres, Joel Neto faz referências muito elogiosas a este espaço. Só posso agradecer.
LEITURAS DIÁRIAS II. Só para acrescentar que os blogs de Andrew Sullivan, Eugene Volokh e Glenn Reynolds também fazem parte das minhas escolhas matinais. Todos os dias.
COMBOIOS. Ontem, mais uma vez, comprovei-o. Os comboios que passam na Ponte 25 de Abril não são pontuais. São pontualíssimos.
LEITURAS DIÁRIAS. É conhecido. O Flor de Obsessão, uma das minhas leituras de todas as manhãs, parou «a sério». Dias antes, também o Guerra e Pás, outra das leituras, o tinha feito. Tens razão, P., nós temos, de facto, essa «característica irritante do elogio póstumo». Aproveito, então, esta fase da blogosfera para referir quais são os meus blogs de todos os dias. É o melhor elogio que lhes posso fazer. Aviz, Abrupto, Não Esperem Nada de Mim, Maranhão, Dicionário do Diabo – para quando o regresso do infame? –, Blogue dos Marretas e o Gato Fedorento, que está de férias. É, repito, a minha leitura de todos os dias. Depois, claro, há muitos outros que visito frequentemente. Sobre esses, falarei depois.

segunda-feira, agosto 25, 2003

É ISTO, PARTE II. Isto, sim, é muito positivo. A selecção nacional de sub-20 de hóquei em patins sagrou-se campeã do mundo ontem, em Montevideu, vencendo a Argentina por 5-3. Cinco e tudo.
É ISTO. É exactamente isto que não suporto no desporto português. Passo a explicar. A selecção nacional de futebol de sub-17 chegou aos quartos-de-final do Mundial que está a decorrer na Finlândia. Dos quatros jogos que realizou, contam-se duas derrotas, um empate e uma vitória. Mais: A selecção não só foi goleada nas ditas derrotas (0-5 contra o Brasil e 2-5 no jogo com a Espanha), como empatou 5-5 com os Camarões – depois de estar a ganhar por 5-0 –, e só venceu o Iémen por 4-3. Concluindo, tratou-se de um desempenho francamente mau, ainda para mais de uma selecção que é campeã europeia. Parece-me consensual, a avaliação. Mas não. Para o seleccionador nacional, não. António Violante afirmou à Lusa que sai da competição com o dever cumprido. Balanço positivo, acrescenta. É isto que não se compreende. Este nacional-porreirismo que descobre em cada derrota uma vitória. Da mesma forma que outrora foram brilhantes, agora o desempenho dos jovens jogadores foi mau, ponto. É normal isso acontecer no desporto. É também por isto que cada vez aprecio mais o Scolari.

A CONFIRMAÇÃO. Título do Diário Digital: «Ingleses apresentam queixa em Bruxelas contra Alberto João Jardim». Sempre reconheci nestes senhores uma grande dose de discernimento. Agora, confirmo-o.
MANDRAKE. O Aviz escreve dois textos sobre Rubem Fonseca. Não é necessário qualificá-los. Estão lá, e isso diz tudo. Só descobri Mandrake em E do Meio do Mundo Prostituto Só Amores Guardei ao Meu Charuto (edição Campo das Letras). Talvez um pouco tarde, reconheço. Agora que os livros deste escritor brasileiro, Prémio Camões 2003, estão em destaque nas livrarias – depois de anos e anos de esquecimento -, com novas edições e reedições, é muito bom saber que a HBO Brasil se prepara para produzir uma série – inicialmente de oito episódios – sobre as aventuras do advogado criminalista. O projecto junta, pela segunda vez, José Henrique Fonseca, realizador – sim, é filho –, e Rubem Fonseca. As filmagens só começam em 2004. Bom gosto, muito bom gosto.
MARTE. Os jornais anunciam-no. Na próxima quarta-feira, às 10h51 de Lisboa, Marte estará mais perto da Terra do que alguma vez esteve nos últimos 60 mil anos. Fenómemo idêntico, depois, só em 2287. Pouco me interessa, verdadeiramente. Tinha umas linhas preparadas sobre o assunto antes de ler – como todas as semanas – Do Lado de Lá, por Luís Fernando Veríssimo, na Actual. Apressei-me a apagar o meu texto, confesso. Bem sei que é mais cómodo citar. Dá menos trabalho. Ainda por cima é um risco, quando ainda estou nos meus primeiros posts. Mas trata-se de Luís Fernando Veríssimo, caramba. «Marte foi um ‘bluff’. Os tais canais vistos pelas lunetas antigas, provas de que haveria alguma forma de vida inteligente no planeta, mesmo que fosse só de engenheiros, não eram canais. Nenhum vestígio de qualquer tipo de vida apareceu em Marte, muito menos o de uma civilização de homenzinhos verdes, ou de qualquer outra cor, com a capacidade para invadir a Terra. Anos e anos de literatura premonitória e previsões terríveis foram desperdiçados. Nos apavoraram por nada.» Talvez se perceba agora porque apaguei o meu texto. «Ainda não sabemos tudo sobre Marte, mas sabemos o bastante para dizer que ele nos decepcionou.»

domingo, agosto 24, 2003

AGRADECIMENTO. A referência de A. a este blog aumenta a minha responsabilidade. Vou tentar estar à altura, caro A. Entretanto, já sabes, encontro marcado no Maranhão todas as manhãs. Bem cedo.

sábado, agosto 23, 2003

ELEGÂNCIA. Confesso que o ténis nunca foi uma das minhas modalidades. Todos temos as nossas - sim, o futebol é uma delas. Mas quando leio que Pete Sampras se prepara para deixar de jogar, sei que o desporto se prepara, igualmente, para ficar um pouco menos elegante.
CARISMA. Há poucos minutos, na SIC Notícias, Luís Delgado afirmou que Santana Lopes ganhou a Câmara Municipal de Lisboa porque «tem carisma». É um político «com carisma», enfim. As palavras deixaram de ter significado? Carisma?

sexta-feira, agosto 22, 2003

CAFÉS II. Tenho o hábito de tomar café depois de qualquer refeição. Há muitos anos que é assim. Neste caso, «tomar café» implica sair de casa e ir a um café. Eu sei que quase sempre volto angustiado — neste caso, quando vou sozinho. Tal como eu, os clientes parecem, de facto, aborrecidos, conformados, sem a mínima esperança. Não sei se é do meu café, ou da hora, ou da minha percepção. Não sei. «Como é que eles podem saber com tanta certeza de que haverá amanhã?», pergunta o Joel. Há perguntas assim. Certeiras.
CAFÉS. Diz o Joel Neto: «Acabei há muitos anos com o hábito de ir ao café depois do jantar. Hoje, retomei-o por um dia. Os clientes pareceram-me aborrecidos, mas são os mesmos dos anos 90, quando nos encontrávamos diariamente. Estão aborrecidos, mas não têm outra coisa que fazer -- e, sobretudo, não se lamentam pelo tempo perdido. Como é que eles podem saber com tanta certeza de que haverá amanhã?».
O FIM? Leio que o Guerra e Pás chegou ao fim. Segundos depois, escrevo o endereço - o mesmo que escrevi durante as últimas semanas -, e lá continuam os textos do P. No mesmo lugar. No mesmo blog.
BLECAUTE. Folheio a «Veja» e, de repente, paro na palavra. Assustado, continuo. Em blecaute.
Finalmente, o meu blog, caro V. A partir de hoje, encontramo-nos por aí.

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